- Severino Ngoenha
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A TORRE DE BABEL
Entre as várias interpretações possíveis do conto de Borges, uma dá conta que se trata de uma grande metáfora em que mundo e literatura se confundem. Ler um texto é tentar decifrá-lo, mas se considerarmos que o próprio mundo está impregnado de linguagem (camaradas milionários e povo miserável), a própria realidade pode ser considerada como uma grande biblioteca cheia de textos à espera de quem os decifre.

Navegadores – Precisam-se
Avante! subam depressa, temos um moça-cusa a construir, milhares de sonhos à espera de ser realizados. Uma última advertência, nesse barco ecológico (sempre avariado como o „Inhaca“) e sem combustão (o gás do Rovuma pertence a outros e a alguns de nós) é preciso remar; remar sempre, remar com força e, sobretudo, remar juntos.

We Shall Overcome
Inch Alah que a unanimidade encontrada contra a guerra e as mentiras discursivas que a acompanham, seja o renascer de uma África, enfim, reunida, pan-Africana (união para a resistência, lema do primeiro congresso de 1900) com vontade e pensamento próprios (dos povos africanos) e capaz de cantar sincronizada e com harmonia – dos guetos de Cabo Delgado, de Bissau, de Kinshasa, da Somália até às periferias da Baía e de Harlem (...) – numa só voz e em uníssono: We Shall Overcome...

Black (brancas, amarelas, cinzentas, vermelhas) Lives Matter
Black lives (bem como as brancas, amarelas, cinzentas, vermelhas/ russas e ucranianas ) matter, para além de todo o dinheiro ou estratégias de poder. É isto que a filosofia (o pensamento mais pensante) deve recordar, sempre, aos putinis e aos bidenes do mundo; mas também aos filósofos

Desmond Tutu, o cruzado pela liberdade, justiça e paz
Desmond Tutu combateu o combate possível, mas a sua cruzada ( como as de Nkrumah, Nyerere, Cabral, Mondlane, Machel...) riscam desvanecerem-se no nula se não forem perseguidas (Mandela e Tutuianamente) – com coragem, abnegação e ousadia – por novas gerações de timóteos a favor da equidade e a justiça, que é um processo sempre a infieri (Derrida)...

Do Annus Horribilis (2021) ao Annus Mirabilis (2022)?
Se vencermos esta batalha, 2022 será (para os nossos parâmetros) um Annus Mirabilis. Se não, como os cavalos que puxavam a carroça foram reformados pela máquina a vapor, no Sec. XIX sem que ninguém nada lhes perguntasse, também nós podemos vir a ser reformados como País, Povo e, até, espécie (Yuval Harari).
